As gravações aconteceram em Salvador
e Santo Amaro da Purificação com expressões e nomes consagrados ligados à essa
arte.
Acontece neste dia 17 de julho de 2021, sábado, às 18 horas,
no YouTube, o lançamento do vídeo documentário "Maculelê: Entre paus,
grimas e cacetes". A realização do filme faz parte do projeto "Entre
paus, grimas e cacetes: o Maculelê construindo sentidos pedagógicos". E
também realizou quatro oficinas, vivências, pensados inicialmente para serem
presenciais, mas foram ressignificados para o formato virtual, devido às
restrições impostas pela pandemia de Covid-19.
O processo de pesquisa que gerou o documentário conta com
entrevistas realizadas à mestres, mestras, pesquisadores e fazedores da
cultura, e tem a direção de fotografia e montagem realizadas por Rayanne Morais
e a produção executiva é de Karuna de Paula - Equinócio Produções.
O Projeto conta com incentivo do Microprojeto Cultural. No referido projeto, Gabrielle Conde e Bruna Mascaro desenvolveram pesquisa em torno da prática cultural do Maculelê nos municípios de Salvador e Santo Amaro da Purificação, na Bahia - território de fundamental relevância na construção histórica desta expressão.
O filme
será lançado no Youtube e ficará disponível para visualização no link: https://www.youtube.com/watch?v=j7wg7AOreIM
Serviço:
O
que: Lançamento do filme: Maculelê: entre paus, grimas e cacetes
Quando:
Sábado, 17 de julho de 2021
Horário:
18 horas
Onde:
Youtube - https://www.youtube.com/watch?v=j7wg7AOreIM
Diário
de bordo das andanças na construção do documentário
A jornada começou com Renner Oliveira, discípulo de
Neuza Saad, mulher de grande importância para a dança de Salvador. Devido aos
protocolos de segurança da Covid-19, não foi possível encontrar pessoalmente
com Neuza, contudo, num momento que requer cuidado e cautela ficou o desejo da
equipe pesquisadora de saúde em primeiro lugar à grande Neuza.
O segundo bate-papo foi com Mestre Balão, do CTE
Capoeiragem, que contou um pouco sobre seus conhecimentos e práticas no
Maculelê, especialmente com crianças. E levou a equipe para conhecer o grande
angoleiro Mestre Virgílio da Fazenda Grande.
A terceira prosa foi com o Mestre Máximo, do
Capoeira Mangangá! Mestre Máximo é um historiador de Santo Amaro da Purificação
e revela em sua fala aspectos relevantes da história e vivência do Maculelê.
“Foi
um encontro emocionante com um mestre griô, testemunha viva da última
apresentação de mestre Popó. O mestre Máximo relatou que, nessa ocasião, Popó
dançava maculelê e chorava ao mesmo tempo, sabendo que sua passagem viria 6
meses depois. Salve Mestre Máximo! Somos agradecidas por tanto conhecimento,
carinho e por ter aberto as portas da casa pra gente.” expressou
as pesquisadoras.
Ainda de acordo com as pesquisadoras, Gabrielle
Conde e Bruna Mascaro, outra parte fundamental da pesquisa foi a visita ao
Centro Cultural Solar Ferrão, espaço que abriga a coleção de instrumentos
musicais tradicionais de *Emília Biancardi.
“O
encontro pessoal com Emília não foi possível devido aos protocolos de segurança
da Covid-19. Mas, deixamos registrado nosso agradecimento sincero a toda
atenção de Emília Biancardi, aos cuidados de Mãe Rita e a disponibilidade de
Seu Otávio Mesquita e de Suzana!” destacaram.
*Emília Biancardi é etnomusicóloga e pesquisadora
das manifestações tradicionais da Bahia. Além disso, é fundadora do reconhecido
grupo Viva Bahia. Emília escreveu o livro Olelê Maculelê. Na visita ao Solar
Ferrão tivemos acesso a livros, matérias de jornais e escritos sobre o
Maculelê.
Seguindo a pesquisa foi a vez de encontrar com o
professor e historiador Antônio Liberac, o qual pesquisa a cultura negra,
cultura popular, capoeira, campesinato negro e história social. No bate papo,
ele deu uma verdadeira aula sobre Maculelê e outros ensinamentos que Bruna e
Gabrielle dizem que vão levar pra vida.
“Ver
e ouvir o professor reafirma a importância do caminho que estamos trilhando e
nos abre, com batidas de tambores e cacetes, trajetos para um amplo, diverso e
profundo universo a ser trilhado nesta pesquisa. Ainda não conseguimos
expressar com as palavras desse mundo a potência desse encontro. Um salve de
agradecimentos e honras ao professor Liberac!”
Outro momento precioso se deu no Alto da Sereia, em
Salvador, com a mestra de Capoeira Angola Dandara. Dandara Baldez é brincante e
pesquisadora das manifestações populares e nascida em São Luís do Maranhão.
Dandara é a primeira mestra em danças populares pela Escola de Dança da UFBA.
“A
mestra nos contou sobre suas experiências em capoeira, maculelê, danças de luta
e de trabalho. Além disso, fez uma prática de Maculelê compartilhando
movimentações, conhecimentos e desdobramentos percussivos com as grimas. Salve
mestra Dandara! Salve a resistência das mulheres negras!”
Em Santo Amaro da Purificação, terra do Mestre Popó
do Maculelê e também da professora Maria Mutti, que concedeu a honra de uma
conversa forte (como ela e a energia do Maculelê). No relato, Dona Maria conta
que encantou-se pelo Maculelê ainda jovem e fez desse encantamento via de
passagem para muitas aprendizagens ao lado do Mestre Popó.
“Nesta
ocasião, fomos presenteadas pela partilha de fotos, instrumentos, de um jardim
florido, pelo vigor de sua personalidade e pelos relatos da sua história de
amor por essa luta dançada ou dança lutada! Gratas, felizes e instigadas,
seguimos! Salve a professora Maria Mutti de Santo Amaro da Purificação! Salve o
Maculelê de Popó!” - disseram emocionadas as pesquisadoras.
Ainda em Santo Amaro, a vivência de um momento
“lindo e absolutamente importante” com Railan e Jordan, do Grupo ACARBO. Eles
mostraram passo a passo os toques feitos pelo grupo do Mestre Macaco, que
aprendeu com o Mestre Vavá, filho de Popó. Railan foi iniciado nas artes aos 2
anos e sabe na prática que "seus passos vêm de longe". Jordan herdou
da ancestralidade esse dom. A vivência com Jordan e Railan traz no pulso a
importância da continuidade do saber e fazer do Maculelê! “Por tudo, obrigada irmãos!”
Relatos
da confluência de energias nos caminhos da pesquisa:
“Pela
força dos acontecimentos e pela sincronicidade das energias, fomos levadas a
Valmir Andrade, o Contra Mestre Tampinha - neto de Vavá de Popó. Tampinha,
tímido e de poucas palavras, nos contou sobre sua convivência com seu avô, se
emocionou e nos emocionou também. Ali, estávamos diante de um descendente
direto da genealogia do Maculelê de Santo Amaro. Satisfação e gratidão gigante
por este encontro. Viva o Contra mestre Tampinha!
Salve
o Maculelê do Mestre Popó!”
“Como
a sincronicidade do tempo e nossas energias estavam favoráveis, fomos levadas
até o Mestre Felipe de Santo Amaro, hoje, o ancestral mais antigo conhecido na
Capoeira Angola. O Mestre Felipe conviveu com Vavá - Mão de Onça e embora não
tenha dançado o Maculelê, esteve presente em muitas apresentações junto a Vavá
e outros capoeiras da época. Mestre Felipe, assim como todas as demais pessoas
entrevistadas, lembra com emoção e nos aconselha a manter acesa a chama do
Maculelê. Somos gratas e honradas por este encontro tão maravilhoso! Vida longa
ao Mestre Felipe de Santo Amaro da Purificação!”
Continuando:
Diário de bordo das andanças na construção do documentário
Dona Nicinha do Samba, sambadeira de valor, já andou
mundo afora apresentando o samba de Santo Amaro. Enquanto dona Nicinha era
entrevistada na porta de sua casa, as pessoas que ali passavam a cumprimentava
e pediam a benção.
Mulher de Oyá, altiva e segura de si, foi esposa de
Vavá de Popó. Tem com ele um filho e fala com orgulho do quanto compartilhou
momentos e aprendeu com Vavá: "Ele
não era só o meu marido, era um grande professor", contou D.Nicinha.
“Ouvir
essa mulher grandiosa falar tão apaixonadamente sobre o Maculelê, nos traz a
dimensão de como esta tradição é importante. Um salve as mais velhas, a quem
abre as portas da casa e do coração pra nos contar os fazeres e saberes de num
tempo possível de ser acessado através da oralidade. Viva Dona Nicinha,
sambadeira de valor!” relataram Bruna e Gabrielle.
E por fim, com muita honra, o entrevistado foi o
Mestre Macaco do grupo ACARBO, um homem que faz da capoeira vida e alimento
diário. Nada em Santo Amaro teria acontecido dessa maneira mágica se não fosse
a presença do mestre, que acolheu Bruna e Gabrielle em casa e abriu os
caminhos.
O mestre e discípulo do Mestre Vavá de Popó e
responsável por manter vivo, na atualidade, o Maculelê aprendido com Mestre
Popó.
“Tivemos
o privilégio de assistir ao Maculelê feito pela ACARBO, grupo de capoeira do
Mestre Macaco. As gravações nunca vão dar conta dos recados e ensinamentos
regados a café e bolacha. Pela beleza dos encontros, um viva! Somos
absolutamente gratas a cada um por manter vivo em si o Maculelê! É preciso
estar com os pés no chão e o coração preparado pra tanta emoção a cada toque
nos tambores, aos cantos sagrados e as batidas dos cacetes. Salve o grande
Mestre Macaco!” finalizaram agradecidas Bruna e
Gabrielle.
Por
Gabrielle Conde e Bruna Mascaro
Fonte:
Capoeira, dança e mandinga @dancaemandinga
Reedição
de textos: Emerson Azevedo (Portal Terra de Lucas)
Apoio
na divulgação: Portal Terra de Lucas
Nenhum comentário:
Postar um comentário